domingo, 3 de maio de 2009

Chama-se João.

Quando me olhas dessa tua maneira tão peculiar desmaio. Algo em mim se desfaz e se torna em água. Derreto completamente. E um monte de reacções químicas começam a surgir. Frio, calor, espasmos, arrepios e desejos.
Como é possível esses teus olhos verdes terem tanta influência em mim?
Mal te vejo anseio pelo teu toque e corro o mais depressa para os teus braços para que as nossas bocas se encontrem e se tornem numa só. Corro tão depressa que chego a cair no meio da rua. Tu alcanças-me, dás-me a mão e sorris. E eu derreto, mais uma vez, como se nunca te tivesse visto sorrir. Aproveito e guardo mais uma imagem tua. Elas nunca são demais.
Não precisamos de grandes planos. Basta-nos um banco ao sol e temos as tardes feitas. Tudo recheado com muitas conversas, carinhos e idiotices. Dá-mos as mãos a andar na rua e sinto que levanto voo.
Ainda não te tenho como algo real e palpável mesmo estando tu sempre a provar-me o contrário.
E durante a noite… Hum… O teu corpo é bastante quente. É casa. Os teus braços em volta dos meus dão-me segurança e afastam os senhores maus que por vezes me procuram nos sonhos. As minhas pernas entrelaçadas nas tuas, encaixamos na perfeição. Juntos, colados numa cama de solteiro, somos felizes.
Ao acordar, a primeira coisa que vejo és tu e sou invadida pelo imenso sentimento que carrego no peito. Apetece-me chorar. Acho que nunca vi ninguém tão bonito. Quero chorar de tão bem estar. Que idiota.
Acordas, apertas-me com mais força contra o teu peito e dás-me um beijinho bem pequenino. Logo de seguida sorris com um ar travesso e apertas-me com mais força contra ti. Passas as mãos pelas minhas pernas até chegar à anca. És agressivo. Dou uma enorme gargalhada que te acorda definitivamente e te deixa minimamente envergonhado. Rio-me mais uma vez. Abres os olhos. Fui a primeira coisa que viste, tocaste e beijaste. Haverá algo melhor?
Pequeno almoço na cama. Quem serve, desta vez, sou eu. Nada demais. Chá para os dois com umas bolachas de aveia. Entro no quarto, ainda escuro, de bicos de pé e com a tua t-shirt azul que me fica enorme. Pouso a bandeja, abro as portadas e deixo o sol dar um ultimo toque de perfeição nesta nossa nova manhã.
Sentaste na cama e dizes-me a frase do costume:
- Olá. Quem és tu?
- Olá. Sou tu, mas em versão feminina.
Isto terá sempre graça para nós. É como um segredo, uma piada secreta que só nos percebemos.
Reclamas que a comida é pouca e dizes que queres ir comer algo mais lá fora. A mim não me apetece estar a andar até ao centro da cidade, mas lá me enfio na banheira e me arranjo enquanto tu arrumas o quarto e fazes a cama.
Damos as mãos, fecho o portão pequeno e lá vamos nós por esse mundo fora.
Paramos numa padaria relativamente perto daqui e tu lá comes que nem um alarve. Meu deus… Quem é que acorda com tanta fome de manhã?!
Fazemos planos e decidimos que vamos passear pela praia. Apesar do tempo ainda não estar ensolarado como eu gosto, a praia é sempre um bom sítio para se estar.
Chegando, apercebemo-nos que está mais frio do que pensávamos. Ui. Tantos arrepios na espinha, e estes não são proporcionados por ti.
Entretanto decidimos que o melhor é mesmo irmo-nos embora. Temos dinheiro nos bolsos e decidimos enfiarmo-nos no metro. As pessoas quando apaixonadas fazem coisas estúpidas e nós não somos excepção. Duas horas de metro e estávamos de volta ao ponto de partida.
Hora de almoço, de volta a casa, à cama.
E ficamos por ali. O único trajecto que percorremos o resto da tarde é do quarto à cozinha e da cozinha ao quarto. Quinze degraus, se tanto.
Explodimos de alegria e rimo-nos até me faltar o ar e tu ficares realmente preocupado. Lá no finalzinho da tarde, quando o sol já começava a desaparecer adormecemos.
Posso dizer que adormeci com um sorriso estampado no rosto. Tu também.
Amanhã será outro dia. Mais um dia do resto das nossas vidas.

Se estou a sonhar não me acordes. Que ninguém me acorde.
Contigo trouxeste os tempos dourados. És um troféu.

E eu… Eu… Eu até te amo. Bastante.

3 comentários:

Anónimo disse...

Vasconcelos és rainha em todos os aspectos!

e sortuda em outros tantos!

Nádia Ribeiro disse...

Tenho que conhecer esse João.

O amor é o mais intenso e belo dos sentimentos. Assim é manifestado das mais variadas formas, nas mais diversas artes. A escrita é uma delas. É fácil, desta forma, dizer (ou neste caso escrever) o que nos vai no coração. Dificil é fazê-lo bem.

Parabéns Macedo.

Inês disse...

Olá minha querida festivaleira!
Este texto fez-me lembrar uma tarde muitissimo bem passada que tive com quem amo!

Não queiras acordar! Eu também sonho, e apesar de saber que a realidade é outra, anseio por voltar a sonhar. Não é que queira viver na ilusão, porque não vivo, mas sim porque é nesse mundo perfeito que sou feliz. Um dia se alguém especial entrar na nossa realidade, talvez estes sonhos começem a ter personagens diferentes que te façam a pergunta "quem és tu?" todas as manhãs, e bem acordada, no teu mundo real! E tu vais lá estar para responder "eu sou tu, mas em versão feminina E NAO EM SONHO ".

beijoca da ines para a ines!